domingo, 12 de agosto de 2012

“A última festa da última pequena virando grande”


Uma amiga costuma falar que rituais são importantes para marcar algumas passagens na vida da gente. E outra, do mesmo grupo de amigas, chegou à conclusão que dá título a este post justamente quando fomos passar por um desses rituais.

Festa de formatura: gente dançando, gente bebendo, gente rindo. Em resumo, descontração, alegria e muita, muita risada. Mas essa teve um “quê” a mais, algo diferente. Foi a festa da última das amigas do grupo a se formar. E isso veio como um estalo: agora entramos todas, definitivamente, no mundo adulto. 

Putz. Mais uma vez uma mistura de sensações. Aquela turma reunida, fechando um ciclo. Um fim. Um ponto. Uma comemoração de despedida e ao mesmo tempo de abertura para o novo. Entre um gole e outro, uma música e outra, o comentário dito quase em tom de piada, com um riso nervoso, era: “agora, gente, festa só de despedida de solteiro, casamento e chá de bebê. E daí pra frente, bodas”. A ficha caiu.



! ! !

Engraçado, mas com uma certa realidade mórbida, chegando quase como um presságio assustador. E a parte de não ter hora para voltar? De beber um pouco (ou muito) mais? De dançar, como se nada mais pudesse importar? E de não se preocupar com o depois, com os pés doloridos no dia seguinte, com a semana que vai começar?

Ok... Parece exagero – claro que a vida adulta não acaba com a diversão. Mas aqui estou falando sobre um ritual – uma passagem. Escrevo um blog, mas se fosse um livro, diria que aqui se encerra um capítulo. Outras comemorações virão, baladas, risadas, enfim, mas o universo que até então era conhecido, seguro e descompromissado, acaba aqui. A inocência quase inconsequente de adolescente se esvai, misturando-se com a fumaça da noite.

A sensação que me toma não é ruim, como pode estar parecendo. É uma consciência, ainda sem forma, como um sonho quando estamos quase a despertar. Não é nítido, mas está lá em algum lugar. Uma vez sonhado, lembrado, deixa uma marca, um marco. 

Respiro... Suspiro... Sei que faço parte da cena que ao mesmo tempo estou a observar. Em meio às luzes piscantes, sei que são muitos os olhos que miram comigo para o futuro. 
Olhos que viram juntos o mundo mudar, que enxergam agora a página virar. Olhos de novas “gentes grandes” que vão me acompanhar.

Algumas coisas vão deixando de ter graça. A hora passa. E vou lembrando de tudo o que me fez chegar aqui. De quem passou pelos mesmos passos. Vou acreditando que nesse grupo de amigas mora uma cumplicidade coletiva, insconsciente, mas que sabe ser e estar. Pego a ficha que caiu e aposto ela bem aqui. Jogo em um jogo desconhecido, formado por pedras iguais. E jogo junto com elas sem saber onde vamos chegar, apenas com a certeza de que vamos continuar.